Minha Startup Lançou. E a Marca? O passo a passo para proteger seu ativo mais valioso.
- Luana Jacudi

- há 4 dias
- 4 min de leitura
Você finalmente tirou sua ideia do papel. Criou um nome incrível para sua startup, infoproduto ou e-commerce. Investiu tempo e dinheiro em uma identidade visual, criou o perfil nas redes sociais e o negócio, após muito esforço, começa a prosperar.
Até que, em uma terça-feira cinzenta, você recebe uma notificação extrajudicial.
Um documento formal, com termos jurídicos, exigindo que você pare de usar imediatamente o nome do seu negócio, sob pena de processo judicial.
Sim, isso é assustadoramente possível e acontece todos os dias.
É o pesadelo de todo empreendedor.
E o motivo é simples: outra pessoa registrou aquela marca primeiro.
Você pode pensar: "Mas eu tenho o CNPJ e o @ no Instagram!"
Vamos esclarecer o maior mito do empreendedorismo: CNPJ, nome de domínio e @ de rede social NÃO garantem a propriedade da sua marca.
O CNPJ (na Junta Comercial) protege apenas o seu "nome de empresa" (Razão Social) no estado em que foi registrado.
O @ da rede social é apenas um nome de usuário em uma plataforma privada.
O domínio é só um endereço de site.
Apenas uma coisa garante a propriedade do seu nome e logo em todo o território nacional: o Registro de Marca no INPI.
Sem ele, todo o investimento feito em cartões de visita, banners, site e, o mais importante, na sua reputação, pode ser perdido da noite para o dia.
Os Riscos Reais de Ignorar o Registro
A falta de registro não é apenas um "detalhe". É um risco estratégico que pode levar a:
Prejuízos Financeiros: Ter que jogar fora todo o material de branding e investir do zero em uma nova identidade visual (logo, site, fachada, etc.).
Prejuízos à Imagem: A confusão de ter que mudar de nome "do nada", minando a confiança que seus clientes fiéis já tinham na sua marca.
Problemas Jurídicos Graves: Caso você receba uma notificação e se recuse a parar de usar a marca, os desdobramentos podem ser severos, incluindo:
Processos judiciais custosos (financeira e emocionalmente);
Pagamento de indenizações ao dono da marca;
Multas e, em casos extremos, até detenção (conforme Art. 189 da Lei de Propriedade Industrial).
Por isso, o registro de marca não é um custo, é o investimento mais fundamental para proteger o ativo mais valioso do seu negócio.
O Passo a Passo Simplificado do Registro
Entendido o "porquê", vamos ao "como". O processo de registro é feito 100% online junto ao INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial).
Aqui está o que você precisa saber:
Para que serve o registro?
Ele garante a exclusividade de uso da sua marca (nome e/ou logo) no seu segmento de atuação em todo o Brasil. Isso impede que concorrentes usem nomes parecidos para confundir seus clientes e te dá o poder legal de agir contra cópias ou uso indevido. O registro dura 10 anos e pode ser prorrogado quantas vezes você quiser.
Quem pode registrar?
Qualquer pessoa física (PF) ou pessoa jurídica (PJ) que comprove estar exercendo a atividade relacionada à marca.
Quanto tempo demora?
Cada processo é único. Se não houver oposições (terceiros tentando impedir seu registro) ou exigências do INPI, um processo "limpo" dura, em média, 1 ano e 8 meses. Por isso, a hora de começar é agora.
O que eu preciso para dar entrada?
Os documentos básicos são:
Documento de identificação (RG ou CNPJ);
A imagem da marca (logo), se houver;
Comprovação de que você exerce a atividade (ex: contrato social, licença profissional como OAB/CRM, se for o caso).
O Risco do "Faça Você Mesmo" (DIY)
"Luana, posso fazer o registro sozinho para economizar?"
Poder, você pode. O sistema do INPI é aberto. Mas não é recomendado.
O processo é burocrático e cheio de armadilhas técnicas que podem fazer você perder tempo e dinheiro. Por exemplo:
A Busca de Viabilidade: A busca básica no site do INPI não é suficiente. Um profissional sabe fazer uma busca fonética e ideológica profunda para saber se sua marca realmente pode ser registrada.
A Classe Correta: O INPI divide tudo em 45 classes. Registrar na classe errada é o mesmo que não registrar. Se você vende cursos online (Classe 41) mas registra como software (Classe 9), sua marca de cursos fica desprotegida.
As Especificações: Descrever corretamente o que sua marca faz é uma arte. Uma descrição muito ampla pode ser indeferida; uma muito restrita pode deixar brechas para concorrentes.
Seu tempo como empreendedor é valioso demais para ser gasto aprendendo nuances do Manual de Marcas. Contratar um profissional, de preferência um advogado especialista, garante que o processo seja feito corretamente, protegendo seu investimento.
Entenda a Linha do Tempo do Registro na Prática
Agora que você já sabe os conceitos básicos (o que é, quem pode, quanto tempo), é importante visualizar a jornada do processo.
O registro não é imediato. Como mencionei, ele leva em média 1 ano e 8 meses justamente por envolver uma análise técnica do INPI e prazos para que o público e outras marcas possam se manifestar.
Para descomplicar essa linha do tempo, preparamos um infográfico que detalha as 5 etapas centrais do processo no INPI:

Esse acompanhamento constante de prazos é exatamente o motivo pelo qual o "Faça Você Mesmo" pode ser tão arriscado.
O Investimento (Quanto Custa?)
Para registrar uma marca, você pagará basicamente por duas coisas:
Taxas do INPI: Há pelo menos uma taxa deferal obrigatória: para dar entrada no pedido.
Boa notícia: O INPI oferece descontos significativos nessas taxas para MEI, Microempresa (ME) e Empresa de Pequeno Porte (EPP).
(Os valores exatos mudam periodicamente, por isso consulte sempre a tabela atualizada no site do INPI).
Honorários Profissionais: Caso opte pela segurança de contratar um escritório especializado, haverá o custo do serviço, que varia conforme o profissional.
Conclusão: Proteja seu Sonho Hoje
O registro de marca é um dos alicerces da sua empresa. Ele transforma seu nome em um ativo real, que gera valor, confiança e, o mais importante, segurança jurídica.
Não espere o negócio "dar certo" para protegê-lo. Garanta que ele possa crescer de forma organizada e segura desde o primeiro dia.
Quer proteger o ativo mais valioso da sua startup?



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